Quando a economia muda, muda o trabalho: o que farão as pessoas nas clássicas profissões de colarinho azul – motoristas de escavadeiras da mineração de carvão ou montadores de escapa- mento na fábrica de automóveis? Novos modelos de negócios e tecnologias podem não só criar bem-estar neutro para o clima, mas também bons empregos. A mudança estrutural básica significa certamente que algumas profissões estão se extinguindo. Ao mesmo tempo, porém, estão surgindo perfis profissionais completamente novos e, por trás deles, há muitas vezes uma de- manda correspondente de trabalhadores qualifica- dos. Paradoxalmente, dependendo da região e do setor, veremos simultaneamente um excedente e uma escassez de trabalhadores qualificados, o que já é hoje, em parte, o caso. O grande desafio será o de requalificar o mais cedo possível as pessoas que trabalham em empregos que não serão mais neces- sários no futuro, de acordo com suas competên- cias, para que possam assumir um novo emprego em outro lugar. O treinamento e a qualificação posterior desempenham aqui, portanto, um papel muito central. Tendo em vista a evolução demográfica: a “reci- clagem” de pessoal obsoleto na produção é sufi- ciente para satisfazer a demanda no mercado de trabalho? As previsões estão sempre sujeitas a um certo grau de incerteza, e a incerteza aumenta ainda mais, quanto mais longe se olha no futuro. No caso da evolução demográfica, porém, as previsões são de fato relativamente confiáveis: sabemos quantas pessoas nasceram em um ano e podemos deduzir muito bem a partir disso quantas pessoas estarão ativas no mercado de trabalho algumas décadas depois. Com esses estudos como base, nós, como governo federal, constatamos que a Alemanha precisa de mais imigração de mão-de-obra. É por isso que nos comprometemos a desenvolver ainda mais a lei de imigração. Do colarinho azul para o colarinho branco – o coronavírus acelerou enormemente muitos de- senvolvimentos em “novos trabalhos”, seja no es- critório, em casa ou em reuniões virtuais. O que significa este novo mundo de trabalho para a proteção do clima? Nem toda atividade profissional pode ser exercida num escritório doméstico. E certamente será esse o caso no futuro. Mas a pandemia nos mostrou o quanto já é realmente possível hoje nesta área, quando for necessário. Se cada vez mais pessoas trabalham cada vez mais em casa, isso tem inúme- ros efeitos. Entre outras coisas, pudemos observar que há menos engarrafamentos nas horas de pico do trânsito e que foram feitas menos viagens de ne- gócios. E se isso significa, por exemplo, que menos pessoas vão de carro para o trabalho todos os dias ou que o número de voos de negócios é reduzido, fica claro que isso também pode contribuir para a proteção climática. Que significado tem o “novo trabalho” para a economia alemã – ele é apenas um “slogan” ou é praticado? Na competição pelas melhores mentes, as empre- sas fazem tudo o que podem para ser o emprega- dor mais atraente possível. Naturalmente, isso inclui também a oferta de modelos flexíveis de trabalho aos funcionários. Já hoje há muitos tra- balhadores qualificados que se veem confrontados com uma situação do mercado de trabalho em que podem escolher livremente entre várias ofer- tas de trabalho. Alguns des- ses profissionais não só deci- dirão para quem trabalharão com base na respectiva ofer- ta salarial, mas também leva- rão em conta outros critérios ao tomar sua decisão, por exemplo, aspectos como a proteção climática e a sus- tentabilidade. A esse respei- to, as empresas que levam a sério a questão da proteção climática também podem marcar pontos no mercado de trabalho, em concorrên- cia com outros empregado- res. D R . R O B E R T H A B E C K O vice-chanceler e ministro da Econo- mia e da Proteção Climática nasceu em Lübeck em 1969. Em 2009, ele in- gressou no Parlamento Estadual de Schleswig-Holstein pela primeira vez, como membro do Partido Verde. De 2012 a 2018, ele foi vice-governador do Estado. Ele renunciou ao cargo quando se tornou líder do Partido Verde, juntamente com a atual minis- tra das Relações Externas Annalena Baerbock. Finalmente, uma olhadela na bola de cristal – como o senhor vê a economia alemã em 2030? Para mim é bastante claro que a situação da eco- nomia alemã em 2030 dependerá crucialmente da forma como usufruirmos e moldarmos os próxi- mos meses e anos. A proteção do clima é um desa- fio que pode nos fazer crescer, e percebo uma am- pla disposição de enfrentá-lo agora. Ao mesmo tempo, não podemos perder de vista os enormes desafios decorrentes das mudanças demográficas, que serão claramente evidentes no mercado de tra- balho, o mais tardar até meados da década. Se não fizermos nada, a evolução demográfica reduzirá cada vez mais nosso potencial de crescimento. Pa- ra lidar com isso, devemos dar boas respostas den- tro do espírito da economia de mercado social- ecológica. Os planos acertados pela coalizão go- vernamental indicam o caminho certo. D E U T S C H L A N D E D I T I O N 2 0 2 2